Abstrato

Taquicardia com complexo QRS largo em doente dependente de cocaína: nem tudo o que parece

Márcio Galindo Kiuchi, Gustavo Ramalho e Silva, Luis Marcelo Rodrigues Paz e Gladyston Luiz Lima Souto

Introdução: As arritmias ventriculares relacionadas com a cocaína podem não responder aos antiarrítmicos e necessitar de tratamento com ablação por radiofrequência. Apresentação do caso: Neste caso descrevemos um homem de 33 anos que se apresentou no serviço de urgência com queixas de desconforto torácico e palpitações ligeiras predominantemente no precórdio, com início há 1 hora. O doente refere episódios raros de palpitações não taquicárdicas no passado, de curta duração. Negava síncope ou pré-síncope e não apresentava sinais objetivos de baixo débito. Após exames, foi diagnosticada taquicardia ventricular sustentada confirmada por todos os critérios eletrocardiográficos utilizados; a equipa médica de emergência optou pelo uso de amiodarona intravenosa, que reverteu a arritmia. O doente foi internado, tendo sido realizada amiodarona intravenosa contínua, sedação com benzodiazepinas e monitorização eletrocardiográfica contínua de 24 horas (Holter). A amiodarona foi suspensa e iniciado diltiazem 80 mg por via oral em 8/8 horas. Solicitámos ressonância magnética nuclear cardíaca que mostrou perfusão e contratilidade normais, ausência de realce tardio, ligeira hipertrofia do septo basal e ausência de substrato arritmógeno. Foi realizado um estudo eletrofisiológico (EPS). Conclusão: Durante o EEF, o ECG basal foi normal. A estimulação elétrica programada induziu taquicardia reentrante nodal atrioventricular (AVNRT) com condução aberrante. A ablação da via lenta foi bem-sucedida e o doente não apresentou novos episódios de taquicardia.

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