Abstrato

A prótese aórtica "esmagadora": um enfarte agudo do miocárdio fatal

Jeremias Bayon, Melisa Santas-Alvarez, Raymundo Ocaranza-Sanchez e Carlos Gonzalez-Juanatey

Relata-se o caso de uma mulher de 67 anos com prótese metálica mitral e aórtica prévia há 14 dias, que recorreu ao Serviço de Urgência (PS) por dor torácica e instabilidade hemodinâmica, com dispneia em NYHA III e com ecocardiograma evidenciando hipocinesia da parede anterior do coração com uma Fração de Ejeção do Ventrículo Esquerdo (FEVE) baixa de 35% e ambas as próteses com função normal. O eletrocardiograma mostrou taquicardia sinusal e infradesnivelamento do segmento ST difuso, diagnosticando Enfarte do Miocárdio Sem Supradesnivelamento do segmento ST (IAMSSST). Decidimos realizar uma angiografia coronária de emergência. Já tinha realizado cineangiocoronariografia, cinco meses antes, sem evidência de Doença Arterial Coronária (DAC). No momento do presente IAMSSST, observámos implante de prótese alto, com movimentação lenta do hemi-disco e evidência de trombo no Tronco Esquerdo (TCE) com fluxo TIMI I, bem como no seio coronário esquerdo. Foi implantada uma bomba de Balão Intra-aórtico e utilizado um cateter de aspiração de trombos para melhorar o fluxo coronário. De seguida, o fluxo TIMI melhorou e decidimos fixar a lesão com um stent farmacológico de everolimus 4,0×15 mm (SYNERGY™ Bioabsorbable Polymer Drug-Eluting Stent System da Boston Scientific) nos óstios do ML. O stent foi implantado sem complicações, mas poucos minutos depois o doente entrou em choque cardiogénico refratário. O hemidisco da prótese estava literalmente a esmagar o stent e o fluxo TIMI piorava progressivamente com trombo associado. Finalmente o doente saiu por paragem cardíaca sem resposta à reanimação cardiopulmonar antecipada. Apresentamos o caso relatado e uma breve revisão da literatura.

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